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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A crise em 2016

O ano de 2016 começa com muitas dúvidas sobre os desafios que serão enfrentados pelos brasileiros, especialmente pelas nossas autoridades. No cenário político e econômico não há nada animador, pois os olhares estão apenas nas eleições municipais. Nenhum partido esboça qualquer tentativa de contribuir para a solução dos graves problemas, todos querem somente eleger os seus escolhidos. Nesse sentido, a melhoria da situação caótica em que se encontra o país, ficará para depois.
É triste essa constatação, mas é a pura realidade. Na mídia, não vemos nada animador, apenas episódios que contribuem para agravar ainda mais a crise. Ela mostra as tentativas do governo em apresentar propostas que resolvam o problema econômico, todavia sem qualquer êxito. É um cenário totalmente desfavorável, já que o Congresso Nacional, todo contaminado, age de forma inescrupulosa e irresponsável, dando a entender que a culpa é do governo. Enquanto isso, cresce a descrença da população, que vai percebendo a queda do país caminhando em direção a um abismo profundo.
Nesse início de ano, só deparamos com notícias ruins. É o desemprego que continua, o dólar que sobe, os combustíveis que inflacionam o mercado, os gêneros alimentícios com preços em disparada, empresas em crise, atrasando salários dos funcionários. Além disso, os constantes reajustes nos preços das tarifas públicas, numa demonstração de total falta de sensibilidade daqueles que só pensam em resolver a crise financeira, penalizando somente aqueles não têm força para lutar; ou seja, o trabalhador que não têm auxílio moradia, verba indenizatória, convênio médico e que agora está perdendo também o seu emprego.
Os trabalhadores da rede pública estão perplexos. Nesse início de ano, já houve atrasos no pagamento de salários, agora já se fala em parcelamento dos vencimentos de fevereiro. O Estado de Minas é um exemplo disso. O que nos preocupa é que o ano mal começou e todos alegam que não têm dinheiro para pagar salários, para investimento na saúde, na segurança, na educação, mas contraditoriamente sobra dinheiro para verba partidária, verba indenizatória, auxílio moradia de quem já recebe altos salários por serem privilegiados com cargos no judiciário, no executivo e no legislativo. Ah! Para os grandes clubes de futebol brasileiro também tem verba.
Diante desse quadro caótico, se não houver uma mudança de atitude dos integrantes do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, das Câmaras de vereadores, do judiciário, vamos seguir em direção a um abismo cada vez mais profundo. É uma vergonha perceber que o auxílio moradia de um deputado, senador ou juiz é até três vezes mais que o salário de um professor da rede pública que, com esse minguado vencimento, tem que pagar transporte, alimentação, aluguel e plano de saúde, em caso de extrema necessidade.
Nenhum país se desenvolve com a falta de prioridade para a educação. Uma pátria educadora se faz com a valorização dos profissionais da educação. Uma boa educação ameniza problemas de saúde, de segurança pública, de moradia para a população que vive em áreas de risco. Mas isso não é prioridade, pois se fosse, o dinheiro apareceria como aparece para os partidos políticos, para auxílio moradia, para verbas indenizatórias e para os grandes clubes de futebol. 
A crise brasileira que presenciamos hoje só será superada se houver um esforço conjunto dos cidadãos de bem, pressionando os integrantes dos poderes executivo, legislativo e judiciário a abrirem mão de seus privilégios em busca de soluções para os problemas que nos assolam. Enquanto isso não acontecer, o povo continuará como expectadores de um país mergulhado cada vez mais em ruínas. Todavia, com os esforços de todos, sairemos vencedores e, brevemente, essa crise será apenas mais uma superada para o brilhantismo das páginas de nossa história.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O talento na escolha profissional

Nós seres humanos temos características próprias que nos diferenciam uns dos outros e a principal delas se relaciona ao talento, que se manifesta ao longo de nossa existência.
Cada pessoa nasce com o seu talento. Ele é uma dádiva de Deus, por isso deve ser identificado e desenvolvido para que dê frutos. Sem o esforço, não há como aperfeiçoá-lo, nem utilizá-lo em benefício pessoal e do bem comum. Ele deve ser considerado em tudo, pois a satisfação que sentimos ao fazermos determinadas atividades ocorre, porque estas estão relacionadas com o nosso desejo, que se alicerça em nossas aptidões, em nosso talento.

No momento de optarmos por uma profissão, por exemplo, o talento deve ser o ponto de partida, já que as atividades a ela relacionadas serão parte de nós, fazendo-se sempre presente no decorrer de nossa existência. Logo, uma escolha mal feita transformará nosso exercício profissional num martírio, num eterno sacrifício, ou seja, em algo penoso e difícil de suportar.

Parece simples essa questão, mas não é. Embora todos, ou quase todos, concordem que o sujeito deva optar por fazer algo de que goste ou para o qual leve jeito, grande parte das pessoas têm se apegado a outros valores na hora de escolher um curso, uma formação, enfim, um caminho a seguir. A compensação financeira, a ascensão social, traçando metas ambiciosas, do ponto de vista material, quase sempre é o que prevalece.

Em momentos de escolhas, muitos palpites aparecem e sempre argumentando em favor daqueles cursos que trazem maior visibilidade social e financeira. Mas, para quem assim pensa, devemos dizer que o sucesso profissional é resultado de um trabalho realizado com qualidade, com prazer, e isso só é possível, quando fazemos algo para o qual temos aptidão. A causa é o talento. O dinheiro e a ascensão social são apenas conseqüências.

O talento torna possível a prática profissional prazerosa. E quem trabalha com amor o faz com esmero e qualidade. Logo se sente feliz em seus afazeres, realizando-se completamente com os resultados que se somam ao longo da existência.

Muitas vezes somos surpreendidos com noticiários, relatando falhas como: engenheiros que comprometem construções grandiosas, advogados que agem injustamente, médicos que destroem vidas, além de outras ocorrências provocadas por pessoas altamente conceituadas ou de notório saber. Lógico que muitos destes casos podem ser acidentais, mas outros devem ser frutos de escolhas que levaram em conta apenas o aspecto financeiro e não o talento para exercício da profissão escolhida. 


Nenhum outro valor, portanto, se compara ao talento . Quem o despreza é como se rejeitasse um dom que Deus nos concede. Daí a razão das frustrações, apesar, muitas vezes, do sucesso financeiro. Humanamente falando, é mais importante a alma satisfeita do que os bolsos endinheirados. Dinheiro sozinho não traz felicidade. Já o talento, se bem utilizado, nos encaminha para o êxito de nossas realizações.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Reforma política no Brasil

Se há um tema que muito me incomoda é esse da reforma política brasileira. Vejo muita hipocrisia nas discussões sobre o assunto, já que uma reforma política verdadeira deve acabar com privilégios, com a corrupção e com os desvios de dinheiro público, que beneficiam os inescrupulosos.
A realidade política brasileira ironicamente me faz lembrar a época do Brasil Colônia, revelando uma sociedade dividida entre os poderosos e o povo que lhes servia. De um lado, a “Casa Grande”, com toda espécie de mordomias. Ou seja: um salário de R$33,7 mil mensais, auxílio moradia de R$4,2 mil, cotas de R$30,2 a 44,9 mil para passagens, telefones, correios e fretamento de aeronaves, verba de gabinete de R$92 mil para contratação de 25 funcionários em cargos de confiança, reembolso de gastos com tratamento de saúde, veículo particular de luxo, dentre outros. E bem distante desse paraíso terrestre, encontra-se a Senzala, da qual faz parte a maioria do povo brasileiro, que luta muito para sobreviver apenas com o salário que recebe, inclusive, pagando altos impostos para sustentar as mordomias de nossas autoridades.
Uma reforma política verdadeira deve corrigir tais injustiças. Não é possível pensar em democracia, sem um tratamento justo para todos. Enquanto existir privilégios para alguns, com o país gastando anualmente cerca de R$ 23 milhões por dia para manter as mordomias dos 513 deputados federais e dos 81 senadores, o discurso em favor da democracia não passará de uma arte retórica, pois sua prática continuará produzindo uma maioria de injustiçados.
Partindo desse princípio, é possível pensar algumas propostas, passando pela democratização interna dos partidos, o fim do voto obrigatório, um mandato de cinco anos para todos os cargos e apenas uma reeleição para os cargos do legislativo brasileiro. Não há como pensar no exercício democrático, sem que os partidos políticos mudem seus critérios na indicação de seus candidatos. Normalmente, a escolha dos que disputam cargos para o executivo e o legislativo é feita pela cúpula partidária, prevalecendo, nesse caso, a vontade do mandatário maior.
Outro ponto importante a ser considerado, no processo de redemocratização do país, seria o fim do voto obrigatório. É preciso respeitar o direito do cidadão de querer ou não querer votar. Enquanto ele for obrigado a isso, será impedido de exercer livremente sua liberdade. Votar, de acordo com o princípio democrático, deve ser opção e não obrigação.
A unificação do processo eleitoral e a mudança na duração do mandato, de quatro para cinco anos, sem a possibilidade de reeleição, para o executivo, seria uma forma de amadurecimento democrático, uma vez que daria condições a essas autoridades de administrarem, sem se preocuparem com artimanhas políticas, visando à reeleição. Do mesmo modo, a possibilidade de uma só recondução aos cargos do legislativo reduziria as chances daqueles que fazem da política um balcão de negócios para a perpetuação no poder e manutenção de privilégios.
A reforma política, portanto, será verdadeira, se corrigirem essas distorções, principalmente se cortarem privilégios. Do contrário, será mais uma encenação para ludibriar ainda mais o cidadão de bem, que não mede esforços e luta muito para honrar seus compromissos, na expectativa de construir uma sociedade melhor, justa e democrática, para todos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

2º turno da eleições 2014

Esse ano de 2014 certamente trouxe grandes lições para os brasileiros. Nossa capacidade de agirmos de modo consciente foi posta em xeque a todo instante. Em março, os festejos carnavalescos, em junho, a Copa do Mundo e, em outubro, as eleições para presidente da república, governadores dos estados, senadores e deputados.
De todos esses acontecimentos, cada grupo político, cada instituição social, religiosa, cada ativista, enfim, cada brasileiro e brasileira tentou tirar proveito do melhor modo possível. Alguns se divertindo, outros criticando, denunciando, se manifestando, ou aproveitando as oportunidades para um merecido descanso. Fato é que a avalanche de acontecimentos desse ano contribuiu para empurrar o 2014 de forma ainda mais acelerada para o seu final.
Agora estamos chegando ao momento da grande decisão. O carnaval ficou para trás, a Copa do Mundo deixou o seu legado, muitas lições, grandes obras, inúmeras críticas e desafios. Apesar da magnitude que foi o mundial, da boa impressão que os estrangeiros levaram da receptividade brasileira, menos do futebol, que novamente fracassou, o acontecimento do próximo domingo é muito importante. É a oportunidade de colocarmos a mão na taça, ou melhor, na urna eleitoral, para a escolha de quem nos governará por 4 anos. É o momento de cada um pensar nos projetos que consideram importantes para o Brasil e qual candidatura se coloca em condições de realizá-los.
Durante a campanha eleitoral, muitas bobagens foram ditas, muitas denúncias e acusações desnecessárias foram feitas. Por parte dos candidatos, prevaleceram as tentativas de desqualificar os trabalhos do outro, deixando a campanha e, especialmente, os debates, em um nível aquém do esperado. Apesar disso, avaliando o comportamento do (a) eleitor (a), por meio das pesquisas de intenção de voto dos principais institutos de pesquisa, pudemos observar que ele (a) não se deixou levar pelas tentativas de manipulação. Isso demonstra que todos estão preparados para votar.
 Certamente, aqueles que comparecerem às urnas votarão consciente de suas responsabilidades. Solitariamente, cada eleitor (a) fará sua escolha, com base  em propostas que julga merecerem seu apoio e não em acusações que serviram apenas para denegrir a imagem da (o) candidata (o).  Nesse momento, o eleitor  não procura santos para confiar o seu voto; ele sabe que, com o atual sistema político brasileiro, todos têm seus esquemas e, dependendo da intenção e do olhar de quem os julga, podem parecer lícitos, corretos ou criminosos, ou fraudulentos. Essa decisão cabe aos órgãos responsáveis pela apuração e investigação dos fatos e a condenação dos culpados cabe ao judiciário. Nesse sentido, o (a) eleitor (a) está consciente, uma vez que não compra mais a imagem do bom mocinho, nem da boa dama.
Aqueles que ainda pensam que o povo não sabe votar estão completamente enganados. O modelo político que temos é que não lhe permite votar melhor. Basta vermos os resultados divergentes das pesquisas, que foram motivos de tanta polêmica, nos últimos dias. Para mim, elas refletem a consciência do eleitor atento, que está de olho e que reserva para o momento certo a sua tomada de decisão. Por isso é bom que todos fiquem espertos, pois o eleitor não se deixa mais enganar por falácias ou promessas vazias. Na hora exata, ele dá o troco.
A todos, os votos de um bom domingo de eleições! E viva a democracia!
(Jornal Contagem, 24/10/2014)


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Copa do Mundo

Uma lição importante

A Copa do Mundo de 2010 foi para o Brasil apenas um sonho que findou prematuramente, antes que os brasileiros acordassem. Parecia tudo tão fácil, mas não deu. Ficamos pelo caminho, entristecidos pelo pesadelo da desclassificação, nas quartas de final.
Na primeira fase, nenhuma dúvida, o Brasil passaria sem problemas, pois caiu num grupo fácil, no qual figuravam equipes pouco credenciadas a avançarem na competição. Poucos acreditavam que Coréia do Norte prosseguisse na disputa, após a primeira fase dos jogos no continente africano. Costa do Marfim ainda poderia representar alguma ameaça por ter bons atletas atuando em alguns grandes times do futebol mundial. Assim, Brasil e Portugal passariam para as oitavas de final, sem qualquer problema.
Apesar da fragilidade dessas equipes do grupo G, os brasileiros não demonstraram competência: primeiro, um jogo fraco contra a Coréia do Norte, um sofrido 2 X 1, sem qualquer vibração; depois, uma partida apenas razoável contra a Costa do Marfim, justificada pelo placar de 3 X 1, tendo o Brasil se beneficiado de um gol irregular marcado pelo atacante, Luís Fabiano, após dominar a bola com a mão; finalmente, um 0 X 0, numa partida bisonha contra Portugal, que também não justificou sua ida à Copa da África do Sul, sendo eliminado pela Espanha, sem avançar para as oitavas de final.
Veio então a “laranja mecânica” e não deu outra: eliminação do Brasil. Desde o início da partida, sem nenhuma razão, alguns atletas brasileiros resolveram mostrar cara feia, trava de chuteira, agressividade, em vez de jogarem futebol. Se o árbitro Yuichi Nishimura fosse mais experiente, mais enérgico, poderia ter excluído da partida algum atleta brasileiro, ainda no primeiro tempo da partida, o que teria sido muito pior. Mas o juiz japonês preferiu levar numa boa a partida, beneficiando assim o Brasil que pôde terminar o primeiro tempo com os 11 atletas em campo.
Na segunda etapa, todos esperavam que os atletas brasileiros voltassem tranquilos, pois afinal vencia a partida por 1 X 0. Com a vantagem no placar, seria natural que o técnico brasileiro procurasse acalmar seus comandados, instruindo-os a fazer um jogo cadenciado, explorando os espaços que a Holanda deixaria, uma vez que atacaria afoitamente o Brasil em busca do gol de empate. O que vimos, porém, foi o contrário: o Brasil, mais nervoso, alguns atletas descontrolados emocionalmente, outros procurando as câmaras para se exibirem e futebol que era obrigação, nada.
Foi ridícula aquela partida. A Holanda nem precisou jogar um bom futebol para virar o placar no segundo tempo. O Brasil, de forma incompetente, entregou-lhe dois gols, sendo uma presa fácil por tropeçar em seus próprios erros. Infelizmente foi assim: a comissão técnica e os jogadores brasileiros esqueceram a jabulani e voltaram mais cedo para a casa, embalados pelos acordes das vuvuzelas.
Nessa Copa de 2014, devemos ter cautela, garra, equilíbrio e competência para apagarmos a péssima imagem de 2010. Que o insucesso vivenciado na África do Sul nos sirva de lição, afinal estamos em casa e precisamos honrar o nome e as cores do escrete canarinho. Nada de excesso de confiança, complexo de superioridade, se quisermos ser uma vez mais os melhores do mundo.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Voto por mudança


A sociedade brasileira não sabe mais o que fazer, nem pra onde ir. O sentimento de abandono é imenso e a insegurança, total. A cada dia, a situação se agrava, sem que nossas autoridades se sensibilizem com as necessidades do povo. São décadas de discursos políticos, de promessas não cumpridas e de espetáculos nas instâncias legislativas.
Todo ano de eleições os candidatos protagonizam peças impressionantes, fazendo de conta que estão preocupados com os nossos problemas. Esse ano não é diferente, mais um espetáculo acontece. A oposição bateu pé, insistindo na criação da CPI da Petrobrás. Agora que conseguiu, passou para o próximo capítulo: já não é mais CPI, querem CPMI. É a forma encontrada para não perder as cenas dos próximos capítulos.
Esses candidatos não se preocupam com os problemas que realmente interessam ao povo brasileiro. O país sofre com a precariedade da saúde, da educação e com a falta de segurança. Mas a gente não vê propostas concretas dos candidatos, demonstrando interesse em enfrentar com seriedade essas questões.
Enquanto isso, o povo padece. As pessoas são abandonadas à própria sorte. Diariamente, presenciamos cenas de doentes nos colos de familiares, outros, em corredores de hospitais, jogados, por falta de leitos, gente morrendo sem atendimento médico; médicos reclamando da falta de condições de trabalho; enfermos desesperados por falta de medicamentos.
Na área educacional, não é diferente. Há anos que o setor reivindica melhorias e nada. Nos centros mais desenvolvidos, ocorre uma maquiagem aqui outra ali e fica por isso mesmo. E quando os educadores tentam discutir essas questões, são tratados com ironia por nossas autoridades.
Na segurança pública, o tamanho descaso dispensa comentários. Os bandidos não temem mais nada e vão tomando conta da situação. Os policiais estão desestimulados, sentindo falta de apoio institucional. Eles sabem que seu trabalho é ridicularizado por bandidos que têm como suporte a impunidade. Com isso, a sociedade fica exposta a perigos de toda ordem. Os latrocínios acontecem, inocentes morrem, famílias choram em vão e nenhum legislador sai de sua zona de conforto, nem se sensibiliza com a dor do outro.
Mas o que nos entristece é o fato de os candidatos não discutirem essas questões. Eles só querem espetáculos. Usam de subterfúgio como CPIs, CPMIs, para desviar a atenção do povo. Se eles quisessem apurações sérias, não reivindicariam para si o direito de investigar os colegas do legislativo, deixariam isso por conta da polícia federal, para que a investigação ocorresse com imparcialidade.
Não quero avaliar o mérito da negociação, envolvendo a Petrobrás. Porém não entendo por que essas denúncias apareceram somente agora. Se é verdade que essa transação lesou o país, essas denúncias deveriam ter sido feitas anteriormente. O surgimento delas somente às vésperas do período eleitoral pode sinalizar opotunismo dos denunciantes ou falha no exercício parlamentar, que só detectou o rombo com mais de uma década de atraso. No fundo, é muito barulho e pouco trabalho; é muita gente querendo tirar proveito da situação, tentando colecionar votos com esses espetáculos.
Em razão disso, o eleitor deve aproveitar as eleições para dar o troco, não votando em candidatos oportunistas, que depois de eleitos, não querem saber de problema algum. Quem ocupa um cargo no legislativo há anos e não tem o que apresentar à sociedade, deve ser riscado da lista. Esse é o momento de o eleitor fazer a reforma que os políticos não querem. Ou seja, votando pela mudança, pela não eleição de quem só sabe fazer discursos e dar espetáculos.

sábado, 15 de março de 2014

Vítimas da violência

Com grande tristeza, sentei-me diante do computador e comecei a escrever. Tristeza porque preferia dizer algo que confortasse os corações daqueles que vivem a esperança de paz entre as pessoas. Muitos trabalham para isso, mas outros agem como se a vida não tivesse nenhum valor.
Dói fundo o coração, toda vez que ligo a televisão ou abro um jornal e deparo com cenas de violência resultantes de atos de criminosos, que os praticam, na certeza da impunidade. Assim, o trânsito continua matando incessantemente, assaltantes seguem fazendo vítimas, crianças são abusadas sexualmente, idosos são desrespeitados no ambiente doméstico, pessoas são traficadas e forçadas e se prostituírem, pacientes morrem nas filas das unidades de saúde por falta de atendimento. Isso sem falar das organizações criminosas que atuam no campo e nas cidades, ceifando vidas, ou aliciando pessoas para o mundo das drogas.
Curioso é que não dá pra saber que tipo de violência assusta mais. Apenas para ilustrar, há tempos tive um carro roubado, contatamos a polícia que o recuperou na mesma noite. Quando a polícia me comunicou, fui até o local para as devidas providências. Chegando lá, para minha surpresa, deparei com um adolescente de 16 anos, que tinha sido meu aluno no Ensino Fundamental. Quando o olhei, grande foi meu espanto. Sem palavras, apenas indaguei se tudo que a gente havia estudado em sala de aula não tinha feito diferença em sua vida. Ele me olhou, com os olhos lacrimejantes, apenas disse: “desculpa, professor! Foi mal! Não tive saída; era o carro, ou a vida”. Diante disso, de algum modo, por alguma razão, eu percebi que ele também era uma vítima da violência.
Frequentemente, deparamos com educadores, escolas, organizações religiosas e instituições que defendem a igualdade de direitos, o respeito às diferenças, que trabalham valores fundamentais à formação do caráter humano. Se tudo isso é feito, não deveria haver assassinatos, estupros, torturas, espancamentos, assaltos e outras atrocidades que massacram a existência humana. É triste constatar o descaso com que muitos tratam a vida.
Apesar da Lei Seca, das campanhas educativas, muitos condutores continuam dirigindo bêbados, atropelando e matando inocentes; torcidas organizadas marcam duelos pelas redes sociais e distribuem pancadarias e balas, criando verdadeiros cenários de guerra; jovens são mortos por causa de droga e do tráfico; crianças são abandonadas e violentadas cruelmente; idosos são despejados em asilos para viverem isoladamente, sem nenhum contato com os familiares; doentes perambulam pelas ruas em busca de atendimentos nas unidades de saúde; além das ações de gangues organizadas que matam sem piedade, violência verbal, bullyng e tantas outras perversidades.

Apesar do esforço de tanta gente em formar cidadãos de bem, as pessoas continuam matando, assaltando, estuprando, traficando e se drogando. Assim, a violência cresce, os grupos se organizam, se especializam, tornando-se verdadeiros profissionais do crime, sem nada temerem, uma vez que acreditam na impunidade. E nós, sob o olhar de descaso de nossas autoridades, ficamos impotentes, expostos aos perigos. Não somos criminosos, nem omissos, somos vítimas

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Feliz Ano Novo


Durante os festejos dos finais de ano, as pessoas se reúnem, para as comemorações de praxe. Independente da classe social, todos participam, distribuindo abraços, tapinhas nas costas e sorrisos, sempre acompanhados das mais variadas mensagens de carinho e amizade. Tudo para externar os desejos de um Feliz Natal e de um Ano Novo repleto de venturas e felicidade.
Essas manifestações me fazem refletir sobre o que seria uma vida feliz para todos. Equivocadamente, alguns poderão associar a felicidade com fama, riqueza ou poder, o que não é de todo verdade, já que há pessoas afortunadas e poderosas que não conhecem o sabor de uma vida feliz. Por outro lado, vivemos cercados de pessoas simples que esbanjam sorriso e alegria. Logo, quando penso numa vida feliz, nem sempre a associo a poder ou a dinheiro.
Hoje, quando alimentamos as expectativas de um mundo melhor, pensamos em outras coisas, antes da realidade material. Há outros fatores que fazem o ano novo tranquilo e feliz. O poder e o dinheiro não são acessíveis a todos, mas a justiça, a segurança, a honestidade e o respeito são coisas que dão às pessoas uma existência digna e feliz.
Vivemos num tempo em que a insegurança toma conta de todos. Seja nos grandes centros urbanos, ou nos mais simples lugarejos, as pessoas estão sempre ameaçadas. Onde quer que elas estejam, podem ser vítimas de um furto, de um assalto, de um viciado em droga, de um acidente de trânsito, de uma bala perdida, de um desentendimento pessoal, ou de uma violência verbal. Se estes problemas pudessem ser eliminados, certamente encontraríamos o caminho da paz tão desejado por todos.
Portanto, quando reflito sobre as expectativas para o ano novo, penso que antes de dinheiro, fama e poder, devemos buscar alternativas para a construção de um mundo tranquilo, seguro e feliz. Nesse sentido, seria indispensável uma conduta séria das nossas autoridades, nas diversas instâncias de poder. Se elas agissem com empenho na formulação e aplicação de leis, combatendo a impunidade, a corrupção e os demais crimes inerentes aos ímpetos ou ambições pessoais, já teríamos, sem dúvida, motivos para acreditarmos em um tempo melhor.
Seria bom se a partir de agora todos agissem honestamente, praticando a justiça para o bem de todos.  Mas padecemos com a falta de seriedade, de empenho e de compromisso de grande parte de nossas autoridades. Vivemos ainda a sensação de que o crime compensa, uma vez que poucos se empenham para mudar essa realidade que nos ameaça e nos violenta.
A construção de um mundo melhor depende de leis eficientes que garantam o bom funcionamento de uma sociedade segura, tranquila e amena. Logo a busca de um ano novo feliz deve começar com a conscientização e empenho daqueles que têm a competência para elaborar leis capazes de resgatar a credibilidade das instituições responsáveis por garantirem a ordem e a paz social em nosso país. Desse modo, as expectativas que alimento é a de podermos buscar uma sociedade sem os vícios da corrupção e sem as marcas da impunidade. Uma sociedade, sem privilegiados, que julgue a todos com igualdade. Se colocarmos isso em prática, certamente teremos um ano novo de paz e feliz, consequentemente, um mundo melhor para todos.

Jornal Contagem, 27 de dezembro de 2013.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Descaso com a violência

Muito se discute sobre a violência que impera em nossa sociedade, mas pouco se fala em medidas para coibi-la ou combatê-la.    Esse assunto só entra na pauta das discussões do poder legislativo, executivo e judiciário, quando ocorrem fatos gravíssimos provocando danos irreparáveis à vida e à sociedade.
Apesar das constantes manifestações de violência, percebemos uma falta de interesse das nossas autoridades em discutirem medidas que minimizem seus monstruosos efeitos sobre a população. Isso é lamentável, pois dos temas em pauta no Congresso Nacional, nas assembleias estaduais e câmaras de vereadores, nenhum outro é tão importante, para o conjunto da sociedade como esse.
Infelizmente, poucas vozes se levantam, abordando tal assunto com a devida seriedade que o assunto requer. Aqueles que assim o fazem, normalmente, tentam transferir a responsabilidade sobre os atos de violência a outrem, não se empenhando em buscarem soluções eficazes em favor daqueles que cumprem honestamente as suas obrigações.
Será que os integrantes do legislativo, do executivo e do judiciário estão satisfeitos com a situação? Certamente, uma vez que eles vivem cercados de seguranças pessoais, por isso a criminalidade não os incomoda. Mas essa indiferença de nossos políticos e dos integrantes do poder judiciário é uma violência que nossas instituições praticam contra o cidadão de bem.
Em vez do empenho para a solução do problema, observamos articulações políticas visando à blindagem dos poderosos. Todos agindo em causa própria e não em favor do bem comum. Interessa aos políticos a manutenção do voto secreto no Congresso Nacional, para que a população continue sem ferramentas de controle das ações de nossos legisladores. Interessa a cobrança de mais impostos dos brasileiros para sobrarem mais recursos a serem desviados para fins particulares de quem detém poder. Interessa a fragilidade de nossa legislação, pois assim há mais brechas para a prática da corrupção e da impunidade.
Se nossa classe política e as demais autoridades desse país quisessem o bem da população não ficariam presas a questões particulares. A manutenção do voto secreto no Senado foi um golpe e uma violência contra os princípios da lisura, da transparência e da democracia. O que o povo deseja de fato não ocorre. Não se pensa nas reformas tributárias para aliviar um pouco o exagero de impostos cobrados dos trabalhadores e da classe média brasileira. Não se fazem as reformas políticas e eleitorais, segundo os princípios de uma gestão verdadeiramente democrática. Não se reformula o Código de processo penal brasileiro, visando por fim a impunidade para todos os tipos de crimes. Tudo isso se resolveria muito facilmente, se o alvo fosse a justiça, a honestidade, a transparência e as necessidades de segurança do povo brasileiro.
Todavia, uma legislação forte, clara e eficiente se torna um poderoso instrumento nas mãos da sociedade. Da mesma forma que o fim do voto secreto foi rejeitado no Senado, pois isso seria uma ameaça às artimanhas políticas, as demais discussões de interesse popular vão sendo proteladas para que os privilégios continuem. Desse modo, não sabemos o que é pior: a violência das ruas ou o descaso das nossas autoridades.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Trabalho doméstico

A regulamentação da atividade doméstica representa uma conquista importante da nossa sociedade. Essa medida significa o reconhecimento das funções de um profissional que historicamente não teve um tratamento digno à altura do que realmente merece.
Ao longo dos anos, os trabalhadores brasileiros conviveram com duas realidades em relação à garantia dos direitos trabalhistas, uma com mais e outra com menos direitos. A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, assegura os direitos trabalhistas em geral, mas o trabalhador doméstico só tinha partes deles. A justificativa, para isso, era de que, no primeiro caso, os trabalhadores exerciam suas funções em organizações, ou empresas, com fins lucrativos e, no segundo, o trabalhador doméstico prestava serviços nas residências e que sua atividade não gerava lucros aos patrões.
Ora, isso realmente é verdade. Só que nessa relação, o trabalhador doméstico sempre saía perdendo. Ele apenas tinha direito a férias, décimo terceiro salário, auxílio doença e aposentadoria. Era um tratamento diferenciado que demonstrava desrespeito a esse profissional, que muito batalhava e batalha, executando tarefas no processo de evolução e desenvolvimento da sociedade moderna.
Os principais avanços da regulamentação do trabalho doméstico são a jornada de 8 horas diárias e 44 horas de trabalho semanais, horas extras, respeito às normas de segurança, de higiene, saúde, garantia de um salário mínimo por mês, proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 16 anos, adicional pelo trabalho noturno, obrigatoriedade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, seguro-desemprego, salário família, auxílio-creche e indenização, em caso de demissão sem justa causa.
Com a regulamentação da atividade doméstica, a sociedade repara uma injustiça, dando aos trabalhadores do lar, cozinheiro (a), faxineiro (a), cuidador (a) de pessoas, motorista particular, caseiro (a), dentre outros, o mesmo tratamento dado aos trabalhadores das empresas. Isso valoriza a profissão, pois tendo tratamento igual ao dos demais profissionais, o trabalhador doméstico desempenhará suas funções, com tranquilidade e motivação, já que terá a garantia de todos os direitos previstos na CLT.
Se tais medidas vão sobrecarregar ainda mais aqueles que dependem dos serviços do trabalhador doméstico, já que se trata de atividades não lucrativas para os patrões, talvez fosse importante que nossas autoridades pensassem alguma forma de incentivo, para minimizar os efeitos financeiros dessa mudança. Não podemos reparar uma injustiça, simplesmente transferindo os ônus para a classe média brasileira, que já se vê obrigada a trabalhar de 4 a 5 meses por ano somente para pagar tributos. Portanto, no processo de regulamentação do trabalho doméstico, esse ponto deve ser considerado, para que os direitos de todos, empregados e patrões, sejam resguardados. Pensando assim, o que vier pela frente ajudará no aperfeiçoamento e consolidação dessa grande conquista dos trabalhadores.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Criminalidade infantil

A criminalidade infantil aumenta o terror na vida das pessoas de bem. Já não há mais sossego e a sociedade se vê cada vez mais ameaçada. Esse é um problema que precisa de medidas sérias e urgentes para evitar que o mal se espalhe ainda mais entre nós.
Toda vez que deparamos com crimes praticados por menores, temos a vontade de fazermos justiça com as próprias mãos, já que não podemos esperar que ela venha de nossas autoridades. A legislação que temos nesse sentido abre brechas para que o menor infrator fique livre e solto nas ruas para a prática do crime.
É triste vermos crianças de 9, 10 e 11 anos, que deveriam ser protegidas pelos adultos, demonstrando total competência para render pessoas, ameaçá-las e assaltá-las, sem remorso nem temor. Essas crianças são hábeis no manejo de armas, são frias e calculistas, com total preparo na escola da criminalidade.
Chega a ser humilhante, quando vemos as justificativas dos menores infratores em relação aos crimes que praticam. A culpa é da vítima que, muitas vezes morre, sem ao menos esboçar uma reação. Pior ainda é a constatação de que os menores são usados pelos adultos, na prática de crimes, pois se eles forem apreendidos e condenados, o tempo máximo de detenção será de apenas três anos. Assim, um menino de 9 anos, se pegar a pena máxima, o que raramente acontece, com 12 anos, estará solto para outros crimes, e se for preso novamente, com 15 estará em liberdade, e se novamente for condenado à pena máxima, com 18 anos estará livre e com sua ficha criminal imaculada. Desse modo, ele chega à maioridade diplomado para a prática do crime e da violência.
Diante dessa situação, recomendamos prudência, pois, com o aprendizado no mundo do crime, as crianças infratoras cometem crimes sem piedade, assaltam, sequestram, torturam e matam, sem qualquer remorso,  com frieza e naturalidade. Embora nos venha o ímpeto de vingança e revide, devemo-nos conter, pois o criminoso fica solto, mas se uma pessoa de bem cometer qualquer crime terá dificuldades para se livrar da prisão. O crime compensa para os maus, pois eles gozam de total impunidade.
Como se trata de crimes praticados por menores, as medidas devem ser no sentido de darmos a eles a oportunidade de uma reeducação em centros educacionais bem estruturados, seguros e com profissionais qualificados para tratar desses desvios de conduta e dos assuntos relacionados à criminalidade. Ficar apenas no discurso reducionista, defendendo se deve prender ou não o menor não vai alcançar o objetivo maior, que é reduzir os índices de violência.
Nesse sentido, devemos trabalhar por uma educação em tempo integral para os menores infratores, com atividades culturais, desportivas, de lazer e de preparação para o trabalho, a fim de que eles desenvolvam o espírito da boa convivência, exercitando o respeito e a solidariedade. Se nossas autoridades se empenharem e trabalharem para a concretização de centros educacionais, com instalações adequadas e com profissionais preparados para o ensino fundado nos valores indispensáveis à formação do bom caráter, certamente, construiremos uma sociedade melhor, justa, humana e menos violenta. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Crise na escola pública

É comum as pessoas dizerem que o professor é o responsável pelo progresso do país, mas isso soa como uma falácia, pois há muito, o mestre vive acuado, sem as mínimas condições de ensinar como deveria.
Até a Constituição de 1988, a escola abria as portas àqueles que realmente alimentavam o forte desejo de buscar uma formação de qualidade. O professor era respeitado, seu saber reconhecido, o que trazia grande motivação para o ofício de ensinar e aprender. Os alunos valorizavam a escola, esforçavam-se para aprender bem o que lhes era ensinado, os pais tinham orgulho do progresso dos filhos e os professores se sentiam realizados.
Com a universalização do ensino, muitos estudantes passaram a frequentar a escola por obrigação e não por opção, fato que os tornou indisciplinados, prejudicando os bons e verdadeiramente dedicados. Em um toque de mágica, a escola, sem uma preparação adequada, passou a conviver com os alunos desinteressados, dominadores e perigosos.
Essa escola deveria ser para todos, porém foi abandonada pelas autoridades, que não se empenharam, nem se empenham, para torná-la de qualidade. Se ela ainda existe é porque os educadores sonham e ainda lutam para não deixá-la submersa nas ondas caóticas que tentam arrastá-la para um abismo cada vez mais tenebroso.
Hoje, os alunos de bem e os educadores não encontram paz no ambiente escolar, por causa dos infratores que os dominam, dificultando o trabalho do professor, deixando os colegas temerosos, sem direito à liberdade e à aprendizagem.
Os gestores escolares e os educadores se tornam vítimas de agressões e de humilhações de toda ordem. São muitos os casos de alunos armados dentro das escolas, de tentativas de homicídios contra diretores, supervisores e professores e de brigas entre gangues que disputam poder no ambiente escolar.
Antes, as famílias de bem tinham certeza de que nas escolas as crianças ficavam protegidas. Ali, era lugar de estudo, de bons ensinamentos e de crescimento pessoal. Todavia, esse espaço ficou vulnerável, virou ponto de constantes brigas e até de venda e uso de drogas.
Diante desses problemas, assusta-nos a apatia das autoridades. Desde a promulgação da Constituição de 1988 que a aprendizagem vem perdendo espaço para a marginalidade, o desinteresse e o desrespeito. Hoje, já se tornou insustentável, a ponto de professores ficarem aprisionados em salas de aula, coordenadores e diretores escolares serem ameaçados, sendo, inclusive, obrigados a fecharem as portas das escolas por falta de segurança.
Esse caos parece não ter fim. O professor já não pode mais cumprir o seu papel de ensinar. A escola, desamparada, sem apoio, não consegue reencontrar o seu caminho. Os menores infratores podem tumultuar as aulas, semear pânico, sequestrar, agredir, matar, vender e usar drogas, mas não podem ser coibidos, repreendidos, presos, nem encaminhados para o trabalho. 
É triste, muito triste! Uma vez mais, as pessoas de bem estão penalizadas, já que a legislação brasileira assegura inúmeros benefícios aos criminosos. Logo, se não houver uma mudança de atitude de nossas autoridades, brevemente naufragaremos todos. Então, será o fim.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Donadon e o Congresso, uma vergonha

Os deputados federais absolveram o colega Natan Donadon, numa demonstração clara da pouca vergonha e da falta de seriedade no exercício da função pública. Essa decisão foi importante, pois revelou o caráter dos políticos que agem com casuísmo para não perderem o apoio dos colegas, na cobertura de seus desmandos e desvios.
Essa decisão da Câmara dos Deputados muito nos entristece, pois revela a verdadeira face do poder legislativo. A absolvição de um deputado, condenado há 13 anos por crime de peculato e formação de quadrilha, que desviou R$ 8,4 milhões da Assembleia de Rondônia, quando era diretor financeiro da instituição, é inadmissível. Isso mostra que, ao livrarem o colega da cassação, os parlamentares que assim o fizeram, consciente e estrategicamente, procuraram resguardar os seus mandatos.
O resultado dessa votação é bem significativo. Partindo do princípio de que pelo menos 50% + 1 dos nossos políticos são sérios e honestos, a cassação seria tranquila. Todavia, para começar, 108 parlamentares não compareceram à sessão, 41 se abstiveram de votar, 133 votaram pela manutenção do mandato e apenas 233 foram a favor da cassação de Donadon. Ou seja: 55% dos parlamentares agiram em favor da corrupção e dos corruptos.
Alguns deputados apontaram como causa desse resultado o voto secreto, o que não é verdade. Se os parlamentares fossem íntegros, independente de o voto ser secreto ou não, eles votariam em favor da honestidade, da justiça e do país. Quem absolveu Donadon usou de artimanha, pensou primeiro em si, evitando criar precedentes para o próprio julgamento no futuro.
É comum o sentimento de impotência do cidadão de bem diante de fatos como esse. A população é enganada, desprotegida e desrespeitada por nossos políticos. Eles fazem de conta que são bonzinhos, agem de forma inescrupulosa, passando uma imagem que nada tem que ver com o que são realmente. Por isso o resultado da votação na Câmara dos Deputados foi importante, uma vez que revelou a essência dos nossos parlamentares.
Após essa vergonha nacional, os próprios deputados, numa jogada de oportunismo, tentaram amenizar a situação, aprovando o fim do voto secreto, como se isso fosse mudar alguma coisa. O país precisa de cidadãos e políticos sérios, honestos, que honrem seus compromissos, sem engodos, fundados no respeito ao ser humano, à sociedade e ao país.
Não foi à toa que o senador Renan Calheiros, logo após a aprovação do fim do voto secreto pela Câmara dos Deputados, reagiu contrariamente à decisão, alegando que o Senado não deverá votar essa matéria, sem alterações. No fundo, o Senador e seus colegas querem manter suas aparências, ofuscando a essência desonesta e a prática corrupta que carregam ao longo da história.
A impressão que fica de tudo isso é que o Congresso Nacional está cheio de Donadons. Quem ainda acreditava na seriedade das nossas instâncias legislativas, a julgar pelo resultado favorável a Donadon e pelas declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros, certamente, está desconfiado. O exercício político dos parlamentares virou um balcão de negócios, um “toma-lá-dá-cá”, num processo em que todos os aliados ganham e muitos se livram de condenações e cassações. Esperamos que esse sentimento de indignação se reflita no resultado das eleições de 2014, para que os germes do mal da política brasileira sejam arrancados do Congresso Nacional.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Redução da maioridade penal

A redução da maioridade penal é um tema que mexe com a sociedade, pois esconde fatores que muitas pessoas de bem não conseguem perceber. Logo, se não dermos a devida atenção a este assunto, podemos ingenuamente achar que o simples fato de prendermos um menor infrator vai resolver o problema da violência, o que não passa de um mero engano.
Em primeiro lugar, é preciso saber para quantos anos seria reduzida a idade penal, que hoje, segundo o artigo 228 da Constituição Federal de 1988, reforçado pelo artigo 27 do Código Penal e pelo artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, é de 18 anos.
No Congresso Nacional, há várias propostas de Emenda Constitucional, propondo a redução da maioridade penal, a maioria para 16 anos, sob a alegação de que se o jovem com 16 anos pode votar, tem condições de responder criminalmente pelos seus atos. Todavia, há propostas de redução também para 14 anos, pois o índice de criminalidade na faixa etária de 14 a 18 anos é grande e já se tornou comum em nosso meio.
Essa medida, se não for acompanhada de outras mais importantes, pode complicar mais a situação, uma vez que nossas cadeias são precárias e insuficientes para a prisão de tantos marginais. Hoje nem os adultos criminosos ficam presos, pois a legislação brasileira é frágil, sem consistência e cheia de aberturas para a impunidade. Assim, teríamos que reformar o sistema prisional, mudar os artigos da legislação de que trata o assunto. A simples redução da idade contribuirá somente para superlotar ainda mais as nossas cadeias, abrindo mais brechas para rebeliões e fugas, trazendo cada vez mais insegurança à sociedade.
Essa mudança implica, pois, uma reforma na legislação, o que dependeria também do envolvimento dos poderes legislativo, judiciário e executivo, já que muitos juristas divergem em relação à sua legalidade. Para muitos, trata-se de uma cláusula pétrea, que se acha no artigo 228 da Constituição Brasileira, que somente poderá ser alterada por outra Constituição. Com esse entendimento, a redução da maioridade penal se torna um problema de difícil solução. Por isso, vejo com descrença as manifestações eufóricas daqueles que defendem essa medida, a meu ver superficial, descontextualizada de outras mais significativas. Acho que, no final, os resultados dos debates ficarão limitados às possibilidades de ampliação da pena máxima que poderá passar de 3 para 5, ou 10 anos de reclusão.
O argumento de que se o adolescente pode votar aos 16 anos de idade, já lhe dará condições de responder pelos seus atos é muito simplista. Se isso for parâmetro para os infratores, deve ser condição para eles, com essa mesma idade, trabalharem à noite, nas ruas, praças e logradouros públicos, além de conquistarem, dentre outras, a permissão para conduzirem carros e motos. Por isso esse é um discurso reducionista de quem não quer enfrentar as causas e a essência do problema.
É verdade que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deixa a desejar em muitos aspectos, mas não é ele exclusivamente responsável pelos crimes praticados por menores. As causas da violência não estão sendo discutidas. Elas podem estar nas práticas de corrupção dos poderes legislativo, executivo e judiciário, no jogo de interesses individuais e de grupos, na falta de condições de trabalho dos agentes educacionais e de segurança, na precariedade do sistema prisional, nas condições do ensino, na falta de pessoal, na desvalorização profissional, na ineficiência da legislação e na falta de gestores sérios nas diversas instâncias do serviço público. Portanto, restringir essa discussão simplesmente à questão da redução da maioridade penal é mais uma jogada de nossas autoridades para, uma vez mais, iludir os cidadãos de bem, sem de fato resolver o problema.


sábado, 24 de agosto de 2013

Relacionamento profissional

No desenvolvimento de um negócio ou da carreira profissional, deparamos com muitas dificuldades que exigem de nós equilíbrio, serenidade e sobretudo sabedoria para superá-las. De todos os problemas, o relacionamento com os colegas no ambiente de trabalho parece ser o mais complicado.
A primeira coisa a se fazer, na construção de um bom relacionamento, é colocar em prática o princípio da boa educação. Afinal, ninguém gosta de lidar com pessoas rancorosas, arrogantes e mal-educadas.
Gentileza no trato com as pessoas nunca é demais. Por isso em vez de fecharmos o rosto para o colega, devemos abrir um sorriso, dando-lhe um bom dia, uma boa tarde, boa noite, ou até logo. A sinceridade de um cumprimento, na chegada ou na saída, a expressão de um "por favor", "com licença", "obrigado(a)" ou "desculpe-me", é uma forma de aproximação e de fortalecimento dos laços de amizade e companheirismo.
Há pessoas que vivem procurando os pontos fracos dos colegas, para expô-los publicamente. Ora, falhas todos temos. Como seres humanos, somos imperfeitos e sujeitos a muitos deslizes. Por isso, não devemos procurar defeitos e sim realçar sempre as coisas positivas que observamos naqueles com os quais convivemos. Nesse sentido, difamar um colega é semear uma erva maligna para gerar conflitos e tumultuar os relacionamentos.
Uma coisa que mais cativa as pessoas no ambiente de trabalho é a prática solidária. Aquele que se dispõe a ajudar o colega, sem exigir nada em troca, constrói o alicerce para um bom convívio no ambiente de trabalho. Aquele que diz “não!” para as necessidades dos colegas é como um atleta jogando fora do seu time. Afinal, todos precisam de ajuda e, de algum modo, todos têm algo a oferecer em favor do bem-estar e profissional daqueles com quem compartilhamos grande parte do tempo de nossas vidas no ambiente de trabalho.
O conceito de time aqui me parece o mais adequado para caracterizar um trabalho coletivo em que as partes se harmonizam em prol de uma boa convivência profissional. Nenhum time vai bem, se uma de suas partes destoa do restante da equipe. Todos devem se empenhar da mesma forma, atuando ao mesmo tempo, com o mesmo nível de dedicação e respeito. Não importa as diferenças em relação às habilidades e ao talento. O mais importante é a pontualidade, a assiduidade e o comprometimento. Se cada um se empenhar, certamente usará da melhor forma toda a potencialidade que lhe é peculiar em favor do sucesso de todos. Se o coletivo não age como time, cada um fazendo o que bem entende, do jeito que quer, quando quer, o trabalho se torna difícil para todos.
Por fim, é importante dizer que um time possui regras claras, normas e procedimentos a serem cumpridos para que o todo funcione. Por isso, as dificuldades no ambiente de trabalho somente serão superadas, quando todos jogarem juntos. Do contrário, vem o desgaste, o sofrimento, as desilusões. Ou seja: o labor vira sacrifício. Portanto, o desafio de todos é fazer parte de um time e não simplesmente de um grupo. Cada um cuidando de si e todos atuando coletivamente, com empenho e dedicação, sem procurar os defeitos e as limitações dos colegas, certamente criaremos as condições para a prática de um bom relacionamento profissional.  

sábado, 17 de agosto de 2013

Importância das cartas familiares

Muitas coisas acontecem na vida da gente, deixando-nos uma imensa saudade. Uma destas coisas de que me lembro agora era o hábito que muitas pessoas tinham de escrever suas amáveis cartinhas a amigos e familiares.
Essa troca de informações por meio de cartas acontecia, com frequência, antes da proliferação de emissoras de rádio, de canais de televisão, linhas telefônicas, computadores e outros equipamentos da atualidade.
Em algumas localidades, havia aquelas pessoas que ajudavam a quem tinha dificuldades nas redações, ou não sabia escrever por falta de escolaridade. Era uma atividade gostosa, pois matinha acesa a expectativa da chegada de um mensageiro com uma correspondência, trazendo notícias de um parente ou de um amigo distante. Quanto mais carta a pessoa enviava, mais chances ela tinha de receber o “feedback” daqueles com os quais correspondia.
Hoje, não é comum as pessoas, movidas pelo sentimento de saudade, amor ou amizade, dispensarem parte do seu tempo, para a produção de carinhosas mensagens a serem endereçadas a um amigo, ou a um ente querido. Uma pena, pois perdemos a oportunidade de expressarmos e de partilharmos com o outro o que pensamos e sentimos.
A linguagem das correspondências era, muitas vezes, simples, porém carregada de significados, tanto para quem escrevia quanto para quem as recebia. Independente do nível de elaboração, ela refletia os apelos sentimentais, presentes nos relacionamentos sociais, culturais e humanos, pois brotava da sinceridade e do íntimo de cada emissor. Era uma viagem gostosa que este fazia para tocar o imaginário do receptor, fazendo-o viajar também, no momento mágico da leitura.
Na redação das correspondências familiares, valia a criatividade. As ilustrações, fotos, desenhos, ou outras imagens comunicativas, eram recursos utilizados por muitos para despertar a atenção do destinatário. Assim, associando a força da mensagem verbal (escrita) com a não verbal (imagens, fotos, desenhos e outros), a viagem pela leitura se tornava ainda mais gostosa.
Penso que o desenvolvimento tecnológico e o poder da era digital contribuem sobremaneira para o fim das manifestações carinhosas advindas das amáveis cartinhas. Penso ainda que os professores, nas escolas, poderiam ajudar no resgate das correspondências familiares, conscientizando os alunos sobre a importância de se eles dedicarem um pouco do tempo para pensar no outro, escrevendo-lhe algumas mensagens. Esse exercício, além de trabalhar o sentimento humano, a amizade, o respeito e o espírito solidário, contribui para o desenvolvimento linguístico de cada um, já que resulta na expressão escrita.
Desse modo, o aluno aprenderá a dar importância ao seu semelhante e a pensar estratégias para despertar-lhe a atenção. Juntamente com as estratégias, vem o esforço para o planejamento do texto, a ordenação das idéias de forma coerente, a escolha do vocabulário, a correção ortográfica e o próprio exercício da escrita. Dominando bem esses aspectos, o aluno saberá aplicá-los com eficiência em prol da boa qualidade de construção de outros gêneros textuais. Assim, ele crescerá sempre, relacionando-se melhor com o outro e modelando sua maneira de pensar, de agir e de sentir o mundo por meio da linguagem. Sem dúvida, um aprendizado que não tem preço.



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

11 de agosto, dia do estudante

Como outras datas marcantes do calendário nacional, o 11 de agosto nos permite celebrar o dia do estudante, que merece essa homenagem por tudo que representa em nossa sociedade. Do início ao fim de sua trajetória escolar, deparamos com situações variadas, que nos fazem refletir sobre a importância desse ser dedicado e protagonista do processo de aprendizagem.
Na educação infantil, a alegria contagiante, as brincadeiras de roda, as curiosidades, as fantasias, o desejo de aprender e a vibração diante de cada descoberta são coisas que nos encantam, pois nos leva de volta ao caminho da infância, dando um colorido especial à vida, purificando assim o nosso modo adulto de ser.
Seguindo, no Ensino Fundamental, fase de muita agitação, de dúvidas e incertezas, o estudante paulatinamente toma consciência das dificuldades, passando a agir como um herói, tentando transpor os obstáculos que surgem, trazendo dificuldades à transição de sua fase pueril à adolescência.
Saindo do Ensino Fundamental, vem o Ensino Médio, tirando dos sonhos discentes seu matiz colorido, para dar lugar às contradições da realidade. Mais maduro, consciente, o estudante sabe que é preciso aproveitar sua força, sua vontade e juventude para buscar a realização de seus objetivos. E realizar objetivos significa lutar para superar os obstáculos do mundo e as complexidades da vida.
O estudante do curso de graduação é o resultado do que ele vivenciou e aprendeu, desde o nascimento até chegar às experiências acadêmicas. É como uma escada que nos eleva, passo a passo, degrau por degrau, fazendo-nos avançar na trajetória do saber. Por isso enaltecemos a figura do estudante, em todas as etapas formativas, já que nele reflete, em cada nível de conhecimento, o saber acumulado e as experiências vivenciadas desde os primeiros dias de seu nascimento.
Há pessoas que dizem que o estudante é o futuro do país. Mas não é só isso. O estudante cravou suas pegadas no registro da história. Foi corajoso, valente, enfrentou lutas, dificuldades, autoritarismo e arbitrariedades. Foi preso, julgado e condenado impiedosamente. Muitos foram torturados, expatriados, outros mortos sob o estrondo das bombas disparadas pelas mãos da ditadura. Mas valeu. Valeu porque, apesar das crueldades, nossos mártires estudantis foram determinantes na construção de nossa história, na qual se refletem os ideais de justiça e de liberdade.
O estudante é presente. Presente em nossa memória por tudo que realizou com luta e sacrifício. É presente no tempo, pela alegria pueril, pelo jeito especial do viver adolescente, pelo modo juvenil de enfrentar as lutas e pela sabedoria que semeia em sua fase adulta. Por isso, estudante, continue escrevendo, nos caminhos da esperança, essa história maravilhosa, de valores indispensáveis à construção de uma sociedade mais justa, humana e solidária. Seja sempre um forte na busca constante do saber, sem esquecer que o mais importante é ter humildade para partilhar o conhecimento com os mais necessitados. Esse é o melhor modo de praticar a cidadania e de cumprir a responsabilidade de cidadão fraterno, abnegado e consciente da importância de seu papel na sociedade.

Siga, pois em frente acreditando que sua força e sua participação séria, honesta e consciente são indispensáveis ao processo de transformação de sua individualidade enquanto sujeito e, por conseguinte, da realidade que o cerca. E quando as coisas se mostrarem difíceis, saiba que a fé e a força de vontade são os segredos que acompanham a trajetória dos vencedores. Saiba que , enquanto houver empenho, dedicação e vontade de vencer, haverá esperança de uma sociedade melhor para todos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Segredo da felicidade


Tenho pensado muito, ultimamente, acerca dos problemas que envolvem os seres humanos e que muitas vezes os deixa submersos no mundo das lamentações. Não é raro conversar com as pessoas e ficarmos grande parte do tempo apenas ouvindo reclamações disso ou daquilo, sem que nada de novo seja apresentado para a busca das soluções adequadas.
Criticar, todos criticamos. Mesmo que os motivos sejam os mais fúteis possíveis, achamos que temos razão e que somos mais capazes e conhecedores do que os outros. É assim quando tratamos de assuntos religiosos, políticos, educacionais, financeiros, esportivos e tantos outros. Às vezes, penso que dedicamos muito tempo às reclamações, sem fazermos proposições, logo avançamos pouco e progredimos menos ainda. Quando estou em um evento, participando de discussões e deliberações sobre algum assunto, tenho a sensação de perda de tempo, pois as pessoas estacionam no patamar das reclamações e não discutem propostas que poderiam evoluir para a solução dos graves problemas que são motivos de constantes queixas.
A sensação que tenho, nesses momentos, é que as pessoas esquecem a importância da força coletiva, do trabalho em equipe e da interação social, que resultam em conquistas, crescimento profissional e realização pessoal. Desse modo, cada um em seu canto, numa atitude egoísta, pensa somente em si, não somando esforços em busca do bem comum.
Essa falta de engajamento, de solidariedade, de comprometimento com o outro, consciente ou inconsciente, provoca um vazio e um sentimento de infelicidade nas pessoas que, sufocadas, tentam transferir a culpa para outrem. Elas se esquecem de que, a partir do momento em que somos proativos, propositivos e que lutamos em favor do que é justo, correto, damos um significado especial a nossa existência.
A impressão que fica, a partir dessas reflexões, é que nós conquistamos o bem, fazendo o melhor para todos, principalmente para os mais necessitados que nos rodeiam. Sem o exercício do bem-fazer, ficamos isolados, reclamando de tudo, esperando que outros façam aquilo que está no rol de nossas obrigações. Por isso, em vez de ficarmos lamentando, procurando culpados por algo que não acontece, é necessário agirmos, saindo da cômoda posição de apenas reclamar, uma vez que tendo clareza de nossos objetivos, fica menos difícil a luta para conquistá-los.
Vale dizer que o individualismo e o isolamento nos fazem esquecer que a diferença se dá, quando fazemos algo de bom em favor da sociedade da qual somos parte. Logo precisamos somar forças com outras pessoas para a construção de alternativas de interesse coletivo, pois isso nos traz um sentimento de realização e de felicidade. Viver bem significa sair do comodismo, trabalhando, com iniciativa e criatividade, sem ferir os direitos de cada pessoa. Esse é o segredo da felicidade.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Proposta salarial justa


No contexto do debate sobre a reforma política, é importante refletirmos sobre a necessidade de revermos as injustiças envolvendo as questões salariais. Não quero aqui questionar o salário de um político, seja este parlamentar, presidente da república, governador de estado, prefeito, ou um magistrado. Se atentarmos para a realidade dos executivos das grandes empresas, vamos perceber que eles têm vencimentos nominais superiores aos de nossas autoridades das esferas municipal, estadual e federal. Todavia o que deixa o povo chateado são os privilégios, o tratamento diferenciado que se dá às autoridades ocupantes dos altos cargos da vida pública brasileira.
A maioria dos trabalhadores, no Brasil, recebe baixos salários, sobrevivendo com grandes dificuldades, tendo que arcar com todas as despesas, sem nenhuma outra ajuda. Assim, os gastos com alimentação, aluguel, tarifas de água, luz, telefone, remédios, planos de saúde, mensalidades escolares, prestação da casa própria, impostos, combustíveis e outras mais são custeados apenas com a remuneração mensal.
O que não podemos entender é o fato de os trabalhadores em geral sobreviverem apenas com o seu salário, enquanto nossas autoridades vivem cercadas de privilégios, gozando de inúmeros benefícios. Tomando como exemplo, os deputados e senadores, além do salário, eles recebem ajuda de custo, auxílio moradia, cotão 2, ressarcimento ilimitado de despesas médicas e verba de gabinete para 25 funcionários. É como se tivéssemos 594 empresas (513 deputados e 81 senadores) sendo mantidas com o dinheiro público.
Se indagarmos ao cidadão sobre os gastos que o país tem com as duas instâncias de poder no Congresso Nacional, gastando em média R$135,000,00 por mês com cada parlamentar, R$1,8 milhão por ano, isso multiplicado por 81 senadores, mais 513 deputados, daria cerca de R$1,1 bilhão por ano. Realmente um absurdo, um desperdício de dinheiro público para garantir privilégios a congressistas, cuja maioria pouco importa com as condições em que vivem as camadas populares e sofridas do povo brasileiro.
Uma proposta salarial razoável deverá garantir um tratamento igualitário a todos os trabalhadores brasileiros. Penso que nenhum assalariado, seja no exercício de mandato político, da magistratura, ou do poder executivo poderia receber mais de 30 vezes o valor do menor salário pago nacionalmente. E o reajuste salarial, independente da categoria profissional e do valor da remuneração, deveria ser com base na evolução do salário mínimo, o que evitaria o sentimento de injustiça. De igual modo, os direitos deveriam ser os mesmos para todos, sem privilégios, sem diferenças e sem injustiças.
Essa é uma mudança ousada e importante. Ela traz consigo o princípio da igualdade de direitos tão reclamados atualmente, um pilar indispensável à construção de uma sociedade verdadeiramente justa. Agindo assim, concedendo às nossas autoridades, seja do executivo, do legislativo, ou do judiciário, os mesmos direitos dos demais trabalhadores do Brasil, sem privilégios e com o teto salarial, no máximo, 30 vezes superior à remuneração básica, que hoje é de R$678,00 reais por mês, resgataríamos a credibilidade na política, nos políticos e na justiça. Desse modo, as pessoas interessadas em trabalhar pelo bem do país concorreriam a essas vagas com maiores chances de serem bem sucedidas.
Por fim, enquanto esses cargos forem cercados de privilégios, o exercício das atividades inerentes a eles continuará sendo um balcão de negócios. Por isso, o que tem que vir à frente do debate sobre a reforma política é a disposição de nossas autoridades em abrir mão de seus privilégios