O dia 7
de outubro de 2012 se aproxima. Com ele, as expectativas de mais um pleito
eleitoral. Os candidatos intensificam os trabalhos de campanha, vão para o
corpo a corpo com o eleitor, faz suas projeções à espera de um final feliz.
Nesse
momento, todos têm chances, tanto os que são animados pelos resultados das
pesquisas, quanto aqueles considerados de pouca probabilidade eleitoral. Para
estes, a verdadeira pesquisa está no voto do eleitor que, por ser secreto,
ninguém sabe como vem, nem para onde vai. O certo é que todos sonham com o
sucesso e é graças a esse sonho que as forças se renovam e a campanha ganha um
colorido especial.
Essa
corrida eleitoral, como sempre, revela algumas coisas que nos deixam
apreensivos em relação às possibilidades de mudança da nossa realidade. Grande
parte dos eleitores se mostra indiferente, sem muita empolgação. Estão
descrentes em relação à política e aos políticos.
Não é
pra menos. A prática da corrupção, antes escondida, hoje evidente, contribui
para esse sentimento do eleitor. No domingo (16/9), num encontro familiar, ouvi
depoimento de algumas pessoas mais experientes, dizendo que iam anular o voto,
pois os políticos são todos corruptos. Para sustentar essa tese, ressaltaram a
participação de toda uma geração que lutou bravamente para a queda do regime
militar, defendendo princípios éticos, justiça social, honestidade e probidade
administrativa. Hoje, muitos daquela liderança que seguiu uma trajetória linda
rumo à democratização do país, estão no banco dos réus, sendo julgados pela Suprema
Corte (STF), pelos crimes de formação de quadrilhas, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tantos outros.
Três
dias depois, minha filha, de 17 anos, foi participar de um treinamento profissional
e dentre as atividades propostas, todos deviam escrever uma redação. Dos temas
sugeridos, um era política. Quando o instrutor os apresentou, espontaneamente,
quase em coro, os jovens refutaram e descartaram a política. Quando
questionados, alguns disseram que política é só corrupção e roubalheira, por
isso preferiam falar de outros assuntos.
Dois
momentos distintos, duas situações importantes, envolvendo dois grupos de
realidades e experiências tão diferentes. Todavia, o mesmo sentimento:
descrença, revolta e indignação. Descrença em relação a mudanças, revolta por
causa dos escândalos e indignação pela vergonha de terem que participar da
eleição de tantos oportunistas e usurpadores.
Diante
dessas colocações, fiquei pensando o que poderia ser feito, para apagar esse negativismo
das pessoas. Algumas coisas estão avançando, mesmo que num ritmo aquém do que
desejamos. Antes a corrupção existia, sem que alguém pudesse fazer alguma coisa
para combatê-la. A imprensa era bombardeada com choques de silêncio, vozes se
calavam ante os horrores da repressão, a sociedade emudecia, temendo
represália.
Hoje, muita
coisa mudou: a liberdade de expressão que conquistamos facilita sobremaneira o
acesso às informações e nos possibilita conhecer melhor as propostas e a vida
das pessoas nas quais estamos votando. O acesso às informações dá condições ao eleitor de avaliar os candidatos e de escolher aqueles mais corretos e comprometidos com a decência, com a justiça e com a honestidade. Por isso, em vez de alimentarmos a descrença por
causa dos crimes de muitos, vamos aproveitar os instrumentos e a força que
temos para substituirmos os maus políticos por outros melhores.
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